Os crimes cibernéticos sempre estiveram associados a hackers
(ou melhor, a crackers), pessoas com conhecimento diferenciado em tecnologia. No
imaginário popular, tais atores consumiam considerável tempo de suas
existências estudando arquiteturas de hardware ou sistemas com o objetivo de
encontrar vulnerabilidades e explorá-las em seus ataques. Movia-os o desafio ou
a diversão.
Na atualidade, todavia, não se exige o tal conhecimento para
a prática do cibercrime, que, por sinal, tem atraído muita gente pelo potencial
de lucro e anonimato.
Diversas ferramentas têm sido oferecidas no mercado
clandestino para a realização de ataques por leigos. Algumas consistem em
softwares bastante amigáveis e de fácil uso. Muitas delas procuram suas vítimas
de forma automatizada, o que acarreta um problema adicional à segurança
cibernética.
De fato, o escaneamento de vítimas potenciais aumenta a
distância psicológica entre autor e ofendido, mitigando o dilema moral que aquele
possa ter em decorrência da prática do delito. Como observa Tim Ayling (s.d.): quem
rouba uma carteira se lembra com algum remorso do rosto da mulher que a possuía,
mas o mesmo não ocorre com o fraudador cibernético, que não a vê.
Não é difícil encontrar plataformas que negociam essas
ferramentas. São sites que contêm uma diversidade de produtos, classificações
de clientes, ranking de popularidade e até help desk (RIVA, s.d.).
Tal realidade constitui um desafio de enormes proporções para
indivíduos, corporações, governos e, particularmente, para as instituições
incumbidas da repressão criminal.