Os crimes cibernéticos sempre estiveram associados a hackers (ou melhor, a crackers), pessoas com conhecimento diferenciado em tecnologia. No imaginário popular, tais atores consumiam considerável tempo de suas existências estudando arquiteturas de hardware ou sistemas com o objetivo de encontrar vulnerabilidades e explorá-las em seus ataques. Movia-os o desafio ou a diversão.
Na atualidade, todavia, não se exige o tal conhecimento para
a prática do cibercrime, que, por sinal, tem atraído muita gente pelo potencial
de lucro e anonimato.
Diversas ferramentas têm sido oferecidas no mercado
clandestino para a realização de ataques por leigos. Algumas consistem em
softwares bastante amigáveis e de fácil uso. Muitas delas procuram suas vítimas
de forma automatizada, o que acarreta um problema adicional à segurança
cibernética.
De fato, o escaneamento de vítimas potenciais aumenta a
distância psicológica entre autor e ofendido, mitigando o dilema moral que aquele
possa ter em decorrência da prática do delito. Como observa Tim Ayling (s.d.): quem
rouba uma carteira se lembra com algum remorso do rosto da mulher que a possuía,
mas o mesmo não ocorre com o fraudador cibernético, que não a vê.
Não é difícil encontrar plataformas que negociam essas
ferramentas. São sites que contêm uma diversidade de produtos, classificações
de clientes, ranking de popularidade e até help desk (RIVA, s.d.).
Tal realidade constitui um desafio de enormes proporções para
indivíduos, corporações, governos e, particularmente, para as instituições
incumbidas da repressão criminal.
AYLING, Tim. Cyberfraude and emotional detachment. Buguroo. Disponível em:< https://www.buguroo.com/en/blog/cyberfraud-and-emotional-detachment>. Acesso em: 9 mar. 2021.
RIVA, Pablo de la. Cybercrime.org. Cybercrime as a business. Buguroo. Disponível em: <https://www.buguroo.com/en/blog/cybercrime-org-cybercrime-as-a-business>. Acesso em: 9 mar. 2021
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